Evento em Curitiba debate gestão de riscos com especialistas mundiais sobre o tema
Curitiba sedia até sexta-feira (16) o 1.º Seminário Cidades Resilientes, Comunidade e Clima. O evento aberto nesta quarta-feira (14) no Salão de Atos do Parque Barigui, é organizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em parceria com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Reúne mais de 100 especialistas entre técnicos, cientistas, gestores e a sociedade civil organizada para discutir, propor políticas e medidas relacionadas à resiliência. Também é momento para o compartilhamento de experiências, informações, novas tecnologias e estratégias de adaptação às mudanças climáticas.
"Não se pode falar em desenvolvimento ambiental desmembrado do desenvolvimento social dos municípios. É no âmbito municipal que teremos ações e resultados imediatos para estas duas questões", disse o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet durante a abertura do evento.
O prefeito lembra que o papa Francisco, em julho deste ano, convocou mais de 70 prefeitos de várias partes do mundo, incluindo Curitiba, para discutir as questões de políticas ambientais, o enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas induzidas pelo homem, da pobreza extrema e da exclusão social, incluindo o tráfico de seres humanos, no contexto do desenvolvimento sustentável.
"É um fato inédito o Vaticano estar realizando um evento com prefeitos. Isso significa que é mais uma instituição de importância mundial que coloca na agenda local um assunto a ser tratado. Foi muito importante, uma vez que que a cada dia se dá mais protagonismo aos municípios, a cada dia se entende a pressão e o aumento da demanda sobre as contas municipais e a necessidade de se rever a relação e a redistribuição de competências e principalmente de receitas, destacando que as soluções locais têm demonstrado uma resposta muito mais rápida e eficiente para a população", disse Fruet.
Medidas do Município, como o plano diretor de desenvolvimento sustentável, a utilização de fontes de energia renovável para utilização no transporte público, a relocação de famílias das áreas de risco, a realização do inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), a Criação do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas e a implantação da Rede Municipal de Monitoramento de Chuvas e Sistema de Alerta foram apresentados pelo prefeito aos participantes.
O coordenador do CB 27, Nélson Franco, disse que Curitiba é referência global em sustentabilidade e que a capacidade de resiliência do município tem de ser repassada para outros gestores. "Curitiba continua inovadora, na vanguarda das questões ambientais. Agradeço a este Município a oportunidade de discutir as questões do clima em uma última prévia para a COP- 21 que será realizada em Paris no mês de dezembro".
Durante a cerimônia de abertura, o presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma) e secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas (SP), Rogério Menezes, também destacou o protagonismo municipal nas questões ambientais. "A Anamma definiu quatro pontos principais de trabalho: formação e apoio técnico aos municípios, financiamento de políticas públicas ligadas às questões ambientais, gestão compartilhada entre as esferas nacional, estadual e municipal e principalmente a responsabilidade e gerenciamento dos municípios frente à gestão do risco e mudanças climáticas. Cada vez mais é delegado ao poder municipal o enfrentamento e soluções dos problemas".
Após a abertura, o representante do escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) em Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIDR), David Stevens, proferiu palestra. Ele disse que o ano de 2015 é muito importante para o tema pela realização das conferências de Sendai (Japão) e COP (França).
"O estado do Paraná e o município de Curitiba são exemplos. No Paraná são 180 cidades comprometidas dentro de um plano de contingência. Curitiba foi a primeira cidade a se comprometer e a implantar um plano efetivo de ações".
Stevens disse que falta, nesta área, uma ação efetiva. "O Brasil está muito acostumado a decretar estado de calamidade pública visando a liberação de recursos para a resolução de problemas imediatos. Precisamos parar de dar telhas de fibrocimento todas as vezes em que há ocorrência de tempestades de granizo. É preciso pensar em uma maior eficiência, mudando códigos de construção por exemplo e ter uma solução efetiva e não paliativa".
Programação
Na quinta-feira (15), a partir das 8 horas, os participantes estão convidados a fazer visita técnica ao Parque do Guairacá - exemplo de manutenção de sistema naturais para redução de inundações -, a Reserva do Bugio e o aterro municipal de Curitiba, exemplo de recuperação de passivo ambiental. A imprensa está convidada a acompanhar as visitas.
Ainda durante o seminário, haverá a reunião do grupo Cidades Resilientes (C-40) com a participação de Manuel Oliveira, Diretor Regional para América Latina da C40 e a reunião preparatória do Forum CB27 (Capitais Brasileiras 27) para a 21ª Conferência do Clima (COP 21) - que será realizada em dezembro deste ano, em Paris, tendo como principal objetivo costurar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e em consequência limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100.
Pedro Christ, técnico do Ministério do Meio Ambiente, participará do seminário apresentando o Plano Nacional Brasileiro de Adaptação a Mudanças Climáticas.
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