Quarenta integrantes dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec) puderam conferir nesta terça-feira (6) a demonstração de uso de uma motobomba com capacidade para esgotar 60 mil litros de água por hora - o equivalente a 120 caixas d'água residenciais de 500 litros -- e os trabalhos realizados pela escavadeira hidráulica em cerca 1,2 quilômetro do canal do Rio Belém, no trecho compreendido entre a Rua Dr. Bley Zornig e a saída do Rio Iguaçu, na Regional Boqueirão. A atividade fez parte da abertura da Semana Nacional de Redução de Desastres, que contou também com a certificação dos profissionais e voluntários que se capacitaram nos anos de 2013 e 2015 para prevenção e atuação em incidentes e catástrofes de diversas naturezas.
As atividades promovidas pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Curitiba (Compdec) nas regionais da cidade se estenderão até o fim do mês de outubro e envolvem também uma mostra de trabalhos realizados pelas crianças da Escola Municipal Paranaguá, em Santa Felicidade; simulados de princípio de incêndio em escolas que implantaram o programa "Defesa Civil na Educação - Conhecer Para Prevenir" e a implantação da Brigada de Incêndio da Regional Bairro Novo.
"Essa rede integrada de defesa civil, que reúne os organismos públicos e a comunidade, é capaz de diminuir os riscos, de agilizar a informação e o socorro nas regiões afetadas por desastres e catástrofes e ainda facilita muito o trabalho da Prefeitura no atendimento à população", informa o guarda municipal Marcelo Santos, integrante da equipe de Planejamento da Compdec.
Ação comunitária
Os núcleos comunitários da Regional Boqueirão receberam 12 horas de capacitação em conteúdos como a estruturação e funcionamento da Defesa Civil, voluntariado, noções básicas e cuidados domésticos (Defesa Civil no Lar), prevenção e combate a incêndios, noções de primeiros socorros, o Plano de Preparação de Emergência Local (PPEL) e o Sistema de Comando de Incidentes (SCI).
A Regional Boqueirão é cortada pelos rios Belém, Iguaçu e Ribeirão dos Padilhas, além de diversos córregos afluentes. "Por estarem em uma região mais baixa e plana, os bairros da regional Boqueirão recebem um volume muito grande de águas e por isso é muito importante contar com as intervenções na região, mas também com o grupo de observadores nas comunidades treinado e preparado para saber como agir quando for preciso", explica o administrador regional do Boqueirão, Augusto Meyer Neto.
Gabriel do Amaral Padilha, de 17 anos, do Nupdec da região do Carmo, é também aluno em uma turma de 50 jovens para atuar como bombeiro voluntário. Ele recebeu o certificado da Defesa Civil de Curitiba e se sente preparado para ajudar na retirada das pessoas das regiões de risco e no isolamento de áreas afetadas. Gabriel acompanhou as orientações sobre o uso da motobomba que foram transmitidas pelo inspetor da Guarda Municipal Adelson Lopes, chefe do Núcleo Regional de Defesa Social do Boqueirão, e pelo gerente de obras e projetos da administração regional, Devanir dos Santos.
Para o presidente da Associação de Moradores do Jardim Paranaense, Givan Antônio Barbosa de Lima, o curso fortalece a atuação comunitária. "Qualquer ação de prevenção na comunidade e qualquer conhecimentos adquirido é muito importante porque o mínimo que a gente puder fazer é capaz de salvar vidas", disse.
A presidente da Associação de Moradores do Jardim Açucena, Maria Tereza Loezer, sentiu a necessidade de se capacitar em resgate e socorro quando, no ano de 2012, os vizinhos tiveram dificuldade de resgatar e convencer uma gestante a sair de casa quando a enchente já estava na altura do joelho. "Movida pela necessidade, entrei na água suja, sem uniforme, sem equipamentos apropriados, correndo risco de contrair doenças, para explicar para a mulher que o mais importante naquela hora era proteger a vida dela e do bebê", conta.
Já Edson Carlos Kleimz, presidente do Nupdec do Alto Boqueirão, costuma vistoriar os rios e córregos locais constantemente, orientar as famílias e monitorar o acúmulo de lixo na beirada das manilhas e solicitar obra de limpeza sempre que necessário. Nas últimas chuvas fortes, foi ele quem avisou a administração regional que não era necessária nenhuma ação ali porque as águas escoaram e não foram registrados alagamentos. Kleimz conferiu os trabalhos de desassoreamento no canal do Rio Belém com a escavadeira hidráulica, que deve levar mais cerca de 30 dias nesse trecho, e serve para prevenir e evitar problemas causados pelas chuvas do próximo verão. A cada seis meses, o serviço é refeito.
Contenção de enchentes
As chuvas fortes não têm provocado o mesmo impacto destruidor do passado porque a Prefeitura de Curitiba vem investindo recursos significativos em grandes obras de contenção de cheias, limpeza de rios, desassoreamento e alargamento das margens de vários córregos, drenagem e escoamento das águas da chuva. Nos últimos dois anos e meio, a Prefeitura de Curitiba investiu R$ 24 milhões em 141 obras de drenagem, contenção de margem de rios e córregos, em implantação de galerias pluviais e na colocação de passarela metálica para reduzir os riscos de enchentes e minimizar os prejuízos à população.
Já foram concluídos e entregues mais de 230 metros de calhas no córrego Estribo Ahú e no Rio Bacacheri, 260 metros de muro de contenção no bairro Água Verde, no Xaxim, no Pinheirinho e em dois trechos do Jardim das Américas. Também já foram concluídas as obras de implantação de 1,6 quilômetro de galerias de águas pluviais para escoamento da água da chuva em Santa Felicidade, Boa Vista e no Portão. Também soma-se a esse investimento a colocação de passarela metálica na rua Professor Ulisses Vieira, com extensão de 30 metros sobre o rio Barigui no bairro Santa Quitéria.
Nesse período, a Prefeitura também atendeu a mais de 6,5 mil solicitações de serviço de manutenção que foram feitas por meio da central 156.
Macrodrenagem
Outros R$ 146 milhões são destinados a grandes obras de macrodrenagem para controle de enchentes. São muros de contenção nas margens do Rio Barigui (trecho Sul) e três lotes de obras de prevenção no Rio Pinheirinho, além de 22 quilômetros de perfilamento do canal do Rio Barigui..