Guardas municipais são treinados para socorro em tragédias e acidentes de grandes proporções
O princípio que orienta adultos a colocar máscaras de oxigênio primeiro em si e depois nas crianças em caso de emergência em voos é a mesma orientação que recebem os supervisores da Guarda Municipal de Curitiba para atuação no socorro de emergências. São casos que envolvam incêndios, produtos perigosos, acidentes com múltiplas vítimas (Amuv's) e tragédias em geral.
Uma turma de 27 supervisores da Guarda Municipal de Curitiba participa nesta segunda (24) e terça (25) de uma etapa de aperfeiçoamento profissional para atendimento em casos de emergência. Eles estão recebendo informações que possibilitem sua proteção, a identificação da situação, o isolamento da área, a requisição de recursos e auxílios adequados para lidar no caso e a ajuda efetivamente das pessoas. Em grande parte das situações, os agentes da Guarda Municipal são os primeiros a chegar aos locais das ocorrências.
"Se não tiver conhecimento para identificar, por exemplo, o produto perigoso envolvido em um acidente, ele passa de socorrista à vítima. Alguns produtos exigem um raio de evacuação maior ou cuidados para evitar intoxicação entre outros", informa o coordenador técnico da Defesa Civil de Curitiba, inspetor João Batista dos Santos.
Eles aprendem que uma das primeiras tarefas ao lidar com tragédias e acidentes de grandes proporções é a montagem do Sistema de Comando de incidentes (SCI), que mapeia toda a logística envolvida na operação e aponta o que é preciso fazer e define quem comanda cada área. Para isso, é preciso observar na chegada ao local do incidente desde a direção do vento, o comportamento das chamas, no caso de incêndios; identificar os riscos, identificar com segurança o produto perigoso pela numeração do painel de risco da Organização das Nações Unidas (ONU), até montar locais seguros para o trabalho dos socorristas e das equipes de comando.
Há dois anos, quando um incêndio de grandes proporções atingiu um depósito da indústria de eletrodomésticos Eletrolux no bairro do Tatuquara, a Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil coordenou e articulou uma força-tarefa dos serviços municipais para atender a população da região atingida. Recentemente também, o uniforme dos guardas teve de ser adaptado para situações que envolvem fogo e produtos perigosos, como a amônia. "O novo uniforme é do mesmo tecido do uniforme do Corpo de Bombeiros porque o brim não resiste ao contato com produtos corrosivos, como a amônia, no caso de um atendimento necessitar dessa exposição", explica o instrutor da parte teórica do curso, inspetor Nélson de Lima Ribeiro.
"Os guardas municipais são os agentes que estão na rua o dia todo, presentes nas diversas regiões da cidade e prontos para prestar o primeiro atendimento. O bom andamento de toda a ação depende desse trabalho inicial", reforça o cabo do Corpo de Bombeiros do Paraná, Marcos Rogério Bezerra, instrutor dos procedimentos práticos do curso. Ele também ministra o mesmo curso para profissionais das 21 empresas incluídas no Plano de Auxílio Mútuo (PAM) na Cidade Industrial de Curitiba. O PAM da CIC é um dos 34 Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec) cadastrados na cidade de Curitiba. Os organismos de defesa civil do Município, do estado e o Corpo de Bombeiros integram e atuam preventivamente nesses espaços. "É muito provável que, pela presença da Guarda Municipal nas regionais da cidade inteira, os agentes do município possam se deparar com situações dessa complexidade nas estradas e vias urbanas", avalia o cabo Marcos Rogério.