Escolas de Londrina vão ter que aprender como prevenir catástrofes em 2015; curso para formar guardas municipais e policiais - responsáveis pelos planos de prevenção nas escolas - é dado pela Guarda Municipal de Curitiba, onde programa já tem 10 anos
Organizar as chaves, saber para onde e como correr, agir de forma preventiva. A partir de 2015, escolas municipais, estaduais e particulares de Londrina vão aprender como preparar os alunos contra catástrofes como incêndios, alagamentos, vendavais e desmoronamentos.
Quem mais entende do assunto no Paraná veio explicar. Desde 2005, a Prefeitura de Curitiba mantém um programa de treinamento constante que, até o ano que vem, terá atingido a todas as escolas da capital. Em Londrina, os guardas municipais da Prefeitura de Curitiba - Leoni Obadowski e Pedro Rafael Ioungblood - ambos ligados ao setor de planejamento da Defesa Civil, aplicaram um curso para os londrinenses sobre como preparar as escolas para os piores momentos. E eles realmente acontecem.
Com base em catástrofes e imagens que chocaram o país - como a morte de seis crianças carbonizadas em uma creche em 2000, na cidade de Uruguaiana (RS) - a dupla insiste na prevenção e na organização coletiva como os meios mais eficientes para salvar vidas e evitar que tragédias se tornem ainda maiores. "O clima está mudando. Enchentes e vendavais acontecem onde antes não existiam. Precisamos saber como agir diante de tais situações", diz a guarda Leoni.
No curso para guardas municipais e policiais militares das patrulhas escolares - os responsáveis por mobilizar a atenção de professores, funcionários e alunos das unidades de ensino - são ensinados procedimentos vitais para os momentos de mais problemas. "Abandonar um prédio de forma organizada não é uma cena apenas de filme americano. É algo que deveríamos aprender desde crianças e que nunca deveríamos esquecer quando viramos adultos", explica a guarda Leoni.
Em Curitiba, quando o programa completar dez anos em 2015, 455 escolas terão recebido a abordagem anti-tragédia. Lá, a formação dura três meses.
"É cultural: os adultos acham engraçado, perguntam se devem mesmo agir assim. O Brasil começou tarde na prevenção, mas os avanços já existem", aponta o Ioungblood. "O interessante é saber que muitas empresas têm seus planos de fuga e adotam práticas preventivas. Mas quando o pai deixa o filho na escola, ele não lembra que lá nada disso existe. As pessoas não estranham isso", reforça a agente Leoni.
Em Londrina, a expectativa é de que com o início do programa de prevenção a catástrofes nas escolas as unidades de ensino cumpram uma rotina, todo mês, de treinar os alunos a abandonar com segurança uma área em risco.
"É importantíssimo saber o que fazer quando o problema acontece. Até porque, são ações e planos bastante simples, mas capazes do que é mais importante: salvar as pessoas", afirma Demerval Anderson, coordenador adjunto da Defesa Civil de Londrina. "No Chile, na Argentina e em toda Europa a prevenção em escolas é um grande tema. Só aqui é que ainda não".
Nesta quinta-feira (18), guardas municipais, policiais, professores, alunos e funcionários da escola municipal Maria Cândida Peixoto Salles, no Jardim Santa Fé, fazem uma simulação na unidade, que tem cerca de 150 alunos em cada turno.
O que as escolas devem fazer:
Chaves - uma escola tem centenas de chaves que nunca devem ficar apenas com uma pessoa. No treinamento, uma das formas de prevenir é ter o controle: "No momento mais complicado, sempre é preciso abrir uma porta que ninguém sabe onde está a chave", diz a guarda municipal Leoni. No Plano, as escolas aprendem que fazer cópias, identificar as chaves e mantê-las organizadas em um espaço (claviculário). Isso pode ajudar muito nos momentos críticos.
Extintores - é básico: além dos equipamentos serem checados, os locais onde estão precisam ser de acesso livre. Nada de objetos próximos ou na frente.
Quadro de energia - toda escola precisa estar com o quadro de força visível, bem como indicar pessoas que possam desligar a energia em caso de acidentes.
Marcar rotas de fuga - com o padrão dos Bombeiros (cor verde), todas as saídas e portas de emergência precisam estar sinalizadas.
Ponto de encontro - toda escola deve ter uma área interna ou externa demarcada como local seguro para onde o deslocamento dos alunos é orientado pelo líder de sala.
Brigadas - cada escola deve formar, com professores e funcionários, três brigadas: uma de combate a incêndios, uma de primeiros socorros e outra para fugas.
Sirene - cada escola deve ter uma sirene diferente do sinal escolar cotidiano, para acionamento em momentos críticos e início de procedimentos-padrão de conduta. O equipamento custa menos de R$ 20.
Fonte: www.jornaldelondrina.com.br