Obras recentes executadas pela Prefeitura de Curitiba, como o alargamento e o aprofundamento do rio Barigüi e a construção do Parque Guairacá, no bairro Fazendinha, amenizaram o impacto das enchentes registradas na cidade nos últimos dias.
Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Renato Lima, a estimativa é que, sem essas duas obras, mais 10 mil pessoas teriam sido atingidas pelas chuvas do final de semana. "As ações preparatórias recentes que realizamos com as comunidades também evitaram maiores danos", disse.
Entre as atividades mais importantes ele destacou um treinamento realizado no ano passado com lideranças do bairro Cidade Industrial, sobre como agir em casos de inundação, e o aperfeiçoamento dos Planos de Contingência dos Núcleos de Defesa Civil das regionais, além da criação de novos núcleos. "Houve ainda reformulação dos planos de contingência das regionais, além de capacitação continuadas de equipes internas", disse.
Em sobrevôo as regiões mais afetadas, o secretário e técnicos confirmaram que o rio Barigüi permaneceu em sua caixa e houve transbordamentos pontuais em algumas regiões.
Para os técnicos, outro indicativo que demonstra a utilidade das obras foi o pouco tempo transcorrido após o período mais intenso de chuvas para que o nível do rio baixasse. Isso se deu ainda no final da manhã de sábado e, segundo os técnicos, seria uma demonstração de que o escoamento das águas do Barigui foi satisfatório.
Rio Barigui
As obras que estão sendo executadas no trecho sul do rio Barigui, na região da CIC, fazem parte de um projeto que, nos próximos três anos, será estendido para outras áreas da cidade, para amenizar o problema das enchentes.
O projeto, com dois componentes – drenagem e prevenção de riscos – conta com recursos do Município e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal, e envolve recursos da ordem de R$ 798 milhões. É um dos maiores investimentos já feitos em Curitiba para a prevenção de desastres naturais.
É uma intervenção ampla nas bacias dos rios Barigüi, Belém, Atuba e Ribeirão dos Padilha que vai possibilitar a reestruturação de áreas importantes da cidade, além de corrigir situações pontuais crônicas.
A primeira etapa, que ocorre no trecho sul do Rio Barigüi, em uma extensão de 22 quilômetros, desde a rua Dionira Moletta Klemtz, na Fazendinha, até a divisa com o município de Araucária, está bem adiantada. "O trabalho de aprofundamento e alargamento que já fizemos aumentou em 80% a capacidade do rio naquela região", disse o secretário do Meio Ambiente.
Outro fator decisivo para conter o impacto das cheias é Parque Guairacá, inaugurado em março deste ano, onde há o encontro dos rios Barigüi e Iguaçu. Situado no bairro Fazendinha, o parque tem mais de 120 mil metros quadrados e reúne trilha didática, nascente, lago e banhado, além de equipamentos esportivos e de lazer. As áreas de banhado preservadas têm a função de retardar e amenizar possíveis inundações.
Neste trecho, a obra do PAC 2 é de perfilamento do rio e está incluída no programa de drenagem, que tem custo total fixado em R$ 151 milhões (incluídos no cálculo global do PAC 2). O perfilamento consiste no alargamento da calha e rebaixamento do fundo do rio, além da recomposição das suas margens e taludes. O dimensionamento do projeto levou em conta as cheias verificadas na região nos últimos 25 anos (o chamado tempo de recorrência).
O objetivo deste tipo de intervenção é aumentar a capacidade de vazão e retenção da água na ocorrência de chuvas, contribuindo para diminuir os danos de possíveis alagamentos. Contribuiu para o realização do trabalho neste trecho a atuação da Cohab, anterior ao projeto, retirando 743 famílias que viviam na faixa de preservação obrigatória do rio, em 12 diferentes Vilas. Neste caso, a liberação das margens facilitou o acesso dos equipamentos às margens e ao leito do rio.
Mais obras
Outras obras que estão previstas no projeto de drenagem e ainda não iniciadas devem contribuir para melhorar a capacidade de vazão do Barigui, como a construção de três bacias de retenção e de uma bacia de detenção, na região da CIC.
Estas baciais são uma solução de engenharia para prevenção de cheias. No primeiro caso, as de retenção, são implantadas no próprio leito do rio e servem para acumulação de água, evitando transbordamento para fora da margem.
Já as bacias de detenção são criadas em áreas secas, geralmente gramadas, preparadas para absorver água das chuvas nos dias em que elas ocorrem e que, depois, nos demais dias, podem ter outra utilidade, como, por exemplo, área de recreação.
O subprojeto de drenagem também inclui o perfilamento e muros de contenção no trecho norte do rio Barigui, a partir da Fazendinha, até a divisa com Almirante Tamandaré.